Grandes momentos da história do engate II

Fomos aqui acusados de cristãos inveterados, de católicos militantes, de fanáticos religiosos (bem, talvez nem tanto, mas quase!) por termos começado a nossa história do engate com a história biblíca de Adão e Eva. Apesar de nada disso ser verdade, não queremos deixar de exercer o nosso dever de divulgação cultural (e religiosa???) e apresentar outras bonitas histórias de engate retiradas de livros antigos.

Desta feita debruçamo-nos sobre Zeus. Como é do conhecimento geral, Zeus é o deus maior da mitologia clássica. Barbudo como o outro, as semelhanças terminam todas aí. É que, enquanto que do outro se sabe muito pouco da sua vida doméstica, de seus amores e desamores, de como se entretia nas horas vagas, de Zeus sabe-se até demais!

Sabe-se que, depois de ter lutado muito para se tornar deus supremo do Olimpo, Zeus dedicou parte importante do seu tempo aos prazeres da carne. Ou será do espírito, uma vez tratar-se de um Deus? Bem, certo é que desposou sete deusas e um sem número de mulheres mortais, bem como (helás!) um homem mortal, Ganimedes, Príncipe de Tróia. Porém, apenas Hera, deusa dos nascimentos, dos casamentos e das mulheres, foi considerada a sua legítima. Hera que, por acaso, era sua irmã. Mas isso era um pormenor de somenos importância, que antigamente não se prestava tanta importância a essas coisas da consanguinidade, e muito menos entre deuses.

Zeus sem dúvida que se aperfeiçoou nas artes da sedução e utilizava os seus poderes divinos para o ajudar, transformando-se em diversos animais e noutros seres estranhos, bem como em nuvens e outros fenómenos atmosféricos. Certa vez, Semele, sua amante, induzida por Hera que se tinha disfarçado de boa amiga, pediu para Zeus se mostrar em todo o seu esplendor. E o seu esplendor devia ser muito grande, de tal forma que Semele ali se ficou ofuscada perante tal visão.

Para seduzir Europa, conhecida pela sua beleza ímpar, disfarçou-se de touro alvo e manso e, quando a rapariga se montou no seu dorso, ala que a levou para Creta, onde a possuiu.

Hera morria de ciúmes das relações extra-conjugais de Zeus e, sempre que podia, tentava desmanchar os arranjinhos e também as gravidezes daí resultantes. Os arrufos entre o casal deram azo a muita turbulência no Olimpo, que sempre terminava em bem, pelo menos até à próxima infidelidade de Zeus.

Se se diz que o Homem foi criado à imagem e semelhança do Deus cristão, não há dúvida que Zeus terá sido criado à semelhança do Homem. Afinal, o que há de mais humano do que a infidelidade, pecadilho por muitos considerado indesejado, mas ao qual outros tantos não deixam de a ele sucumbir? Em que outras áreas terá sido tão bem utilizada a criatividade humana quanto no engate, como forma de alcançar a consumação das paixões da alma e do corpo. Zeus, na sua invejável capacidade de se transformar no bicho ou no objecto que bem lhe apetecesse para efeitos de engate, é exímio nisso. Para não falar nas tormentas domésticas que passava com Hera a propósito do seu insaciável apetite sexual.

Deus humano, sem dúvida. Mas quem não gostaria de ser deus de vez em quando para poder utilizar os seus poderes para obter o que deseja? Nós gostaríamos. E você?


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